quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Análise:Flight Simulator X

"Flight Simulator" chega aos 25 anos de idade e à décima edição consagrado como o mais respeitado e popular simulador de vôo comercial do mercado. Com o passar do tempo, a série criou uma fiel comunidade de adoradores, em boa parte composta por pilotos (amadores ou profissionais) e entusiastas dos ares.

Em "Flight Simulator X", que chega mais de três anos após seu antecessor, "Flight Simulator 2004", muda praticamente todos os aspectos da franquia. O objetivo? Tornar-se mais atraente ao público "leigo" - sem, no entanto, espantar os fãs antigos ou perder as características de realismo que, afinal, colocaram "Flight Simulator" onde está.

O que a Microsoft Game Studios fez, basicamente, foi adicionar uma grande dose de dinamismo a "Flight Simulator X", o que caiu muito bem para uma série, de certa forma, tão "sisuda". É claro que o avanço da tecnologia ajudou muito nessa empreitada, já que agora o mundo do simulador está mais realista do que nunca: mesmo em pleno ar, é possível observar, nos cenários fotorrealísticos, veículos trafegando pelas vias expressas e aeroportos, lanchas e embarcações na água etc.

Paisagens com montanhas a vales foram criadas através dos DEM (Demographic Elevation Models, ou "Modelos de Elevação Digital", em português), enquanto estradas e rios foram construídos através de dados vetores reais. A ferramenta Autogen, que gera cenários automaticamente, com bastante vegetação, completou o serviço. O resultado é um visual sem precedentes, ao menos para aqueles que possuírem um PC capaz de dar conta dos requisitos recomendados para o game - só de disco rígido, são necessários 15GB.

Em "Flight Simulator X", os céus também não estão mais tão isolados: via rede local ou internet, os jogadores têm, por exemplo, a possibilidade de dividir o controle de uma mesma aeronave, como piloto e co-piloto, o que pode servir como bom mecanismo de treinamento; ou então, na versão Deluxe, utilizar o recurso de Controle de Torre, em que um jogador proprietário da versão se transforma em controlador de tráfego aéreo, transmitindo coordenadas aos demais. Para completar, uma vez online, os dados meteorológicos podem ser atualizados em tempo real no game.

Aliás, por falar no assunto, na ocasião do lançamento no Brasil (que, por sinal, aconteceu uma semana antes dos Estados Unidos), foram colocadas à disposição do consumidor duas versões do simulador de vôo: "Standard" e "Deluxe". Nesta última, os diferenciais são, além do Controle de Torre, cinco aeroportos e dez cidades detalhadas extras, seis aeronaves inéditas e 20 missões estruturadas a mais.

Missões para democratizar

Contudo, de todas as novidades de "Flight Simulator X", sem sombra de dúvidas a maior e mais comemorada delas são as missões. Tudo bem que há aqueles interessados em explorar livremente os céus virtuais, mas as fases estruturadas em objetivos colocam doses extras de emoção na jogada, de uma maneira mais direcionada e, porque não dizer, divertida. Ideal para aqueles usuários que gostam da série, mas não necessariamente entendem tudo de aviação.

São dezenas de missões, divididas por quatro níveis de dificuldade, e também em categorias diferentes, transformando o jogador em piloto de linha aérea ou levando-o a locais remotos do planeta em situações de emergência.

No nível Beginner (Iniciante), além dos tutoriais básicos, há as missões mais simples, como realizar um vôo de Roma para Nápoles, com um Airbus A321, procedimento que demora cerca de trinta minutos. Certas missões tentam até mesmo instigar um enredo, como faz a "Secret Shuttle", também do nível Beginner, em que o objetivo é levar funcionários do governo norte-americano até uma base aérea secreta em Area 51.

O Intermediate (Intermediário), por sua vez já oferece desafios maiores, como transportar suprimentos de um campo arqueológico na Amazônia peruana até um vilarejo remoto. Variedade também está longe de ser um problema: a missão "Jet Truck Drag Race", no nível Advanced (Avançado), é preciso decolar, voar e vencer uma corrida contra um caminhão. Já no derradeiro nível Expert, o piloto virtual poder encarar um vôo com um 747-400 há muito tempo inativo ou tentar transportar em segurança um inspetor de segurança, de uma base petrolífera no Mar do Norte.

Conforme o jogador conclui as missões e alcança outros feitos, todos os progressos vão sendo registrados em um histórico, com direito a prêmios e troféus, além de um Logbook que controla as horas de vôo e oferece álbuns de fotos tiradas durante os vôos.

A variedade de aeronaves também é outro trunfo contra qualquer sensação de monotonia: Ultraleves, helicópteros, hidroaviões, Boeings e Cessnas são algumas das máquinas voadores ao alcance das mãos. A versão "Deluxe" inclui ainda aeronaves Garmin 1000, cujos cockpits são bem mais detalhados.

Voe como quiser

É claro que você também pode explorar o mundo a sua maneira, bastando selecionar a opção Free Flight, escolhendo um entre os 24 mil aeroportos disponíveis, para decolar e, então, fazer o que o seu espírito aviador mandar. Nunca na série houve tantos aeroportos e cidades detalhadas "de fábrica" - é que, na versão anterior, por exemplo, foram feitos vários mods para adicionar locais reais. Tente sobrevoar as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, para ver vários pontos turísticos conhecidos, e não aqueles cenários e construções sem nenhuma identidade.

Há liberdade para determinar as condições de vôo, tanto meteorológicas quanto circunstanciais (simular falhas nos equipamentos da aeronave para tornas as coisas mais desafiantes, por exemplo). Os tutoriais são bem eficientes para colocar os novatos a par dos comandos, mas um bom controle - pode até ser o modelo do joystick do Xbox 360 para o PC, por exemplo - torna as coisas bem mais interessantes.

Aos poucos - e este é, certamente, é um dos fatores mais gratificantes da série para quem não é piloto -, você se vê aprendendo e até se sente um pouco parte deste mundo dos aviões. Usar os flaps, recolher o trem de pouso, manusear o manche com cuidado, ficar atento às condições climáticas e manter altitude e velocidade adequada, passam a ser atividades costumeiras.

"Flight Simulator X" também fez avanços bastante notáveis no aspecto visual, capaz de texturas com resolução quatro vezes maiores que seu antecessor. A própria ferramenta Autogen foi aperfeiçoada e agora pode gerar seis mil itens por quilômetro quadrado (simplesmente dez vezes mais que "Flight Simulator 2004").

Um olhar mais atento revela animais, tanto nos céus, quanto no solo, em um adeus definitivo à sensação de vazio que, às vezes, prepondera em simuladores de vôo. No Windows Vista, com o DirectX 10, a promessa da Microsoft é de uma melhoria ainda maior nos gráficos do game.

O céu não é o limite

Em linhas gerais, "Flight Simulator X" é a evolução da série pela qual todos esperavam. Mais democrático e acessível, representa a ocasião perfeita para aqueles que nunca jogaram uma versão da série, conhecerem-na. Boa parte disso se deve ao sistema de missões, mas com um estilo "fácil de jogar, mas difícil de dominar", o game instiga qualquer um chegado a um bom desafio.
 


Blog de Games GVX

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